segunda-feira, 21 de julho de 2008

À instabilidade das cousas do mundo...

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.



(Gregório de Mattos)




Podemos ainda correlacionar esse poema gregoriano com o magnífico livro do filósofo Jean-Jacques Rousseau - Os devaneios do caminhante solitário.
E com a música de Toquinho e Tom Jobim "Sei lá... A vida tem sempre razão":




http://www.youtube.com/watch?v=KVMvkC8pVh8


#Ficaadica

sábado, 28 de junho de 2008

Poesia sacra de Gregório de Mattos

O todo sem parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo

Em todo sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,
Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Porta-retrato

Parecia um sonho a gente ficar junto
Andar a pé na chuva sem medo de amar
Lembra de tudo o que vivemos
Das tardes de domingo, da mágica no olhar
Aceitar que tudo se perdeu, amor não dá
Ouvir meu coração pedindo pra você voltar
Vai passando o tempo e eu não sei me controlar
Não dá, ficar sem você não dá
Num porta-retrato, a gente se abraçando
Momentos que ficaram difíceis de esquecer
Te amo, sei que ainda me ama
Bateu saudade, chama que eu volto pra você


(Tivas / Carlos Randall)

sábado, 19 de abril de 2008

Vento No Litoral



Vento No Litoral (Dado Villa-lobos, Marcelo Bonfá E Renato Russo)

De tarde eu quero descansar, chegar ate a praia e ver
Se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção

Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo
E quando eu vejo o mar,
Existe algo que diz,
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem

Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?

- Ei, olha só o que eu achei: cavalos-marinhos
...

sábado, 12 de abril de 2008

Codinome Beija-Flor

Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou

Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor

Eu protegi teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor (nunca)
Pra qualquer um na rua, Beija-flor

Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador

Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor

(Cazuza/Reinaldo Arias/Ezequiel Neves)



quinta-feira, 3 de abril de 2008

Se ainda tivesse tempo

Se ainda tivesse tempo
Ainda que no relento
Ficaria sempre atento
E sopraria ao vento
Que o meu sentimento
É nesse momento
Um indecifrável conhecimento
De tudo aquilo que não pude ter.

(Ruan Carlos Teles)

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Um livro magistral.


"Naquele momento, uma certeza me veio à cabeça: Deus jamais condenaria um amor tão verdadeiro como o meu. Um sentimento puro como este, desprovido de qualquer preconceito, egoísmo, inveja, nojo ou seja lá o que mais pode ser pecado. Deus teria que ser insensível para me condenar ao inferno."

"Como crianças, deixamos o quarto na maior bagunça. Camisetas, cuecas, meias brancas, calcinha, e sei lá mais o quê, espalhavam-se em completa desordem. Nus e ao som de músicas antigas, brincamos com os nossos corpos sem qualquer limite. Em pouco tempo, batizamos a cama. Renato jorrou no meu peito e eu - quase ao mesmo tempo que ele - esporrei nas coxas da Beatriz, que já havia gozado quando nos revezamos em senti-la pela frente."